Por entre palavras calmas não
me consigo encontrar, sinto-me perdido num mar de palavras, no qual não sei
navegar. Nas palavras que me formam, perco-me no toque da sua essência e
encontro-me de modo incessante no fundo da minha consciência. Perco-me
novamente, como se fosse próprio de mim nunca me encontrar, ou simplesmente
ignorar completamente a força que me faz andar.
Vivo em palavras e apenas em
palavras eu me sei perder, construindo vários castelos para um dia me poder
esconder. Quero viver em palavras, mas por vezes não sei o que dizer, as
palavras parecem sumir-se à medida que as tento escrever. O papel fica em branco
e as palavras se misturam à minha frente, escrevo na esperança de igualdade e
obtenho um resultado diferente.
Rendo-me em palavras e sem
palavras não o poderia fazer, com as palavras crio pensamentos que muitos
outros irão ler. Sem palavras muito falta, falta até me completar, falta
descrever quem eu sou e uma forma de me encontrar. Com os passos que descrevo e
que vou marcando o caminho, deixo palavras para trás para nunca me sentir
sozinho e há medida que o faço, vou sendo um pouco mais eu, vou procurando ser
poeta que nas palavras morreu.