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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Ser gordo não é fácil!



A ilusão de achar que é magro por natureza e nada pode mudar isso. A vida de um gordo é um enorme rodízio de pizzas. O gordo começa a ser rejeitado, recebe apelidos como “Zé Barriguinha“. Acha uma extrema injustiça, e fala mal de todo mundo que vier falar que está gordo. Daí vai a uma churrascaria para extravasar a raiva. Com um princípio de consciência, começa finalmente a perceber que engordou, e decide tomar uma providência: para de se pesar! Afinal, se não souber do problema, ele não existe. Come uma barra de chocolate para relaxar. Daí vem o susto, quando finalmente se pesa, vê que está obeso e pensa: “Como fui chegar nesse ponto?” Entra em depressão. Fica sem vontade de sair (“uma pessoa tão gorda não pode ser vista em público“), sem vontade de dormir, nenhuma vontade de trabalhar. Mas tem muita vontade de comer. Fica extremamente deprimido quando é usado como ponto de referência: - A impressora fica ali do lado daquele gordo. Percebe também que não é mais o “loirinho” ou “aquele cara alto“. Passa a ser “o gordão“. Come o estoque de comida de um mês em três dias, para aliviar a frustração.

Aí começa a aceitação. Começa a fazer piadinhas de si próprio: O elevador vai cair agora que eu entrei! Eu só faço a posição “gangorra”!... Também começa a falar seu peso em toneladas. Ex.: 0,115 toneladas. Tem orgulho das façanhas nas churrascarias e rodízios de pizza. Critica a sociedade. Afinal, ela só julga as pessoas pela aparência. Comemora a auto-aceitação comendo tudo que vê pela frente. 

E depois vem um princípio de Insatisfação. A vida é muito boa, com muitas orgias gastronômicas, mas algo está errado. Não faz mais sucesso com o sexo oposto, não é mais chamado para atividades que envolvam algum tipo de atividade física, e é sempre a vítima preferencial das piadinhas. Pede uma pizza para ajudar a pensar que deve iniciar uma dieta. 

Daí vem o surto, até quando se olha no espelho se sente mal. Comprar roupas é a atividade mais depressiva para um gordo. Culpa-se por ter deixado a banha ocupar a maior parte de seu corpo. Comer continua sendo bom, mas passou a ser um ato sempre acompanhado de culpa. Durante essa fase, são inúmeros os momentos de loucura em que passa alguns dias comendo só duas folhas de alface, até não aguentar mais e comer tudo que tem na geladeira. Inclusive o que deixou vencer nos dias em que só comeu mato. Tal qual um viciado, “injeta” chocolate na veia, seu único momento feliz do dia; depois, vem à culpa e a depressão. 

Depois chega mais uma vez sua consciência. Recuperado da depressão da fase do surto, começa a perceber que pode mudar. 

Essa fase é a famosa “Segunda eu começo!“.

Na verdade, o que o gordo pensa: segunda eu começo! Então hoje vou fazer uma “despedida.” E corre para a churrascaria no almoço, toma um pote de sorvete à tarde e vai a um rodízio de massas à noite. 

Ah sim! Há uma regra não escrita nessa fase. Se não conseguir começar na segunda, é totalmente proibido ao gordo começar a dieta na terça. Nesse caso deve-se tirar a semana inteira para “despedidas”, para só na próxima segunda-feira começar a dieta. 

Depois de ganhar mais de 5 kg nas “despedidas”, toma realmente consciência de que precisa melhorar. Mas ainda não sabe bem como. É a fase mais bizarra, e 80% dos gordos nunca passam dela. É a época em que se tenta de tudo. 

Primeiro, o gordo passa 6 horas por dia fazendo exercícios e, após isso, come 1 quilo de comida. “Agora eu sou um atleta, então posso“.Depois, experimenta as dietas da moda. Passa uma semana só tomando leite; três dias comendo ovo com laranja; seis dias só tomando sopa; 5 dias tentando a dieta do limão; 5 dias a base de Shakes de dieta; até tenta a dieta da lua. (a mais conhecida pelos gordos). Entre uma tentativa de dieta e outra, há uma recaída para a fase anterior. “Já que não deu certo essa dieta, na segunda eu começo outra! Qual é mesmo o número do Disk-pizza? Preciso me despedir mais uma vez de uma bela meia portuguesa meia calabresa“.

Agora vem a mudança. Depois de aprender que fazer jejum completo ou ficar doente de tanto fazer exercícios são atitudes que, isoladas, não resolvem nada, ele passa a aprender como emagrecer de verdade. Vira especialista em dieta e exercícios. Na verdade, fica obcecado. As únicas pessoas que respeita e admira são as que conheceu na academia. Olha horrorizado para os colegas de trabalho comendo aquela feijoada gordurosa no almoço ou tomando café com açúcar, aquele veneno branco. Faz longos discursos acerca dos males de uma alimentação ruim e da falta de exercícios.

Nesse momento, já não é um simples gordo.

É um gordo chato! 

Agora mudou tudo. Poucas pessoas chegam realmente nessa fase, onde a obsessão e a neura passam um pouco. Depois de persistir na dieta e nos exercícios ele se torna, novamente, um cara magro. Talvez até mais saudável do que era antes.

Tão saudável que acha que acha que nada pode mudar isso e…

Depois começa tudo de novo!

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